Responsável por tirar o sono de muitos cônjuges, o ronco está erroneamente associado a uma noite bem dormida e ao profundo descanso.
O barulho estridente e incômodo, quando tido com freqüência, indicia que algo não vai bem e pode trazer, além dos problemas sociais, graves complicações ao roncador, podendo levar até a morte. O pneumologista especialista em medicina do sono, Lucas Bello, afirma que não é normal roncar ou fazer barulho para respirar. "Se emitimos esse ruído é porque existe algum obstáculo que está impedindo o ar de passar com facilidade". Um estreitamento nas vias aéreas superiores (que abrange a região do nariz e da garganta) dificulta a passagem do ar, provocando uma vibração nessas estruturas.
Derrame - Uma pesquisa publicada pela Academia Americana de Medicina do Sono no ano passado alerta que o ronco é um inimigo mais sério do que parece que pode gerar consequências no roncador como a arterioesclerose de carótida. "A carótida é um importantíssimo vaso sanguíneo. Atingida pela vibração do ronco, ela pode se machucar e apresentar coágulos, o que pode terminar em derrame", explica Eduardo Rollo Duarte, especialista em odontologia do sono.
Todo mundo está suscetível a roncar eventualmente, seja ao tirar o atraso de uma semana de noites mal dormidas ou após um jantar farto em uma churrascaria. No entanto, quando frequente o ronco pode ser sintoma de uma grave doença. "A apneia do sono é quando a passagem do ar fica tão obstruída a ponto de o indivíduo ficar sem respirar. De forma muito inteligente, o organismo detecta o problema e envia uma ordem ao cérebro para que a pessoa acorde", explica Bello. O despertar é rápido e imperceptível e pode se repetir durante toda a noite. E é aí que mora o problema: a pessoa com apneia do sono não consegue ter uma noite restauradora, por mais que, teoricamente, tenha dormido 10 horas. "Eles dificilmente sonham, porque não conseguem atingir a fase do sono profundo. E no dia seguinte essa noite mal dormida vai afetar a capacidade de julgamento, concentração, raciocínio, tomada de decisões, além de trazer dores de cabeça e no corpo, sonolência, irritabilidade, nervosismo e risco de envolvimento em algum acidente em casa, no trânsito ou no trabalho".
Causas - "O estreitamento das vias é multifatorial. Quando possui uma única causa, em crianças pode estar relacionado a amídalas grandes ou ao desvio de septo nasal em adultos. Na grande maioria dos casos o problema se encontra na região da garganta, seja por complicações anatômicas ou de funcionamento dos músculos com a função de dilatar a faringe e que, quando não funcionam muito bem, tendem a se fechar". Anormalidades do esqueleto da face também causam a obstrução das vias.
Algumas medidas gerais podem ser suficientes para resolver o ronco ou apneia do sono em graus leves. Manter o peso ideal, evitar comer muito durante a noite e/ou dormir sob efeito de bebida alcoólica ou tranqüilizantes garantem um sono restaurador, tranquilo e sem perturbações respiratórias.
O ronco e a apneia do sono podem estar presentes tanto em homem quanto mulheres, em qualquer idade, inclusive crianças. O diagnóstico é feito através de um exame chamado polissonografia, espécie de check up do sono. "O tratamento mais aplicado tem sido o do aparelho gerador de fluxo (CPAP), que acompanha uma máscara semelhante a de inalação. Em alguns casos de apneia moderada e leve, um aparelho ortodôntico resolve o incômodo. A cirurgia é indicada em último caso, geralmente quando há algum fator de obstrução".
Fonte: CROSP / Gazeta Digital / SINOG
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